Aposentadoria na Cirurgia: Por que Alguns Cirurgiões Nunca Penduram o Bisturi?
- PriMed
- há 3 dias
- 3 min de leitura
Atualizado: há 1 dia
No universo da prática cirúrgica, a ideia de aposentadoria pode soar como uma nota dissonante em uma sinfonia bem orquestrada. Afinal, para muitos médicos, especialmente cirurgiões, a profissão transcende a mera ocupação — ela é uma paixão, uma identidade e, em muitos casos, uma missão de vida.
Inspirado por reflexões recentemente publicadas, este texto explora os motivos que levam alguns cirurgiões a permanecerem na ativa mesmo após décadas de dedicação, além de trazer à tona os desafios e as recompensas dessa escolha.
E você, já parou para pensar: o que te manteria na sala de cirurgia por mais tempo?
A Cirurgia como Propósito
Para muitos cirurgiões, o ato de operar é mais do que uma habilidade técnica — é uma arte que exige precisão, intuição e um compromisso inabalável com o paciente. Um artigo do Medscape destaca que a satisfação de resolver problemas complexos e melhorar vidas é um dos principais combustíveis para aqueles que optam por não se aposentar. Um cirurgião experiente entrevistado relata: “Cada caso é um quebra-cabeça, e eu ainda sinto aquela adrenalina ao encontrar a solução.” Esse senso de propósito é particularmente forte na cirurgia, onde o impacto imediato de uma intervenção bem-sucedida pode ser visto — e sentido — na recuperação do paciente.
Mas não é só a emoção da sala de cirurgia que mantém esses profissionais em ação. Estudos mostram que a identidade profissional dos médicos, especialmente daqueles em especialidades de alta demanda como a cirurgia, está intrinsecamente ligada ao seu trabalho. Esses estudos apontam que a transição para a aposentadoria pode gerar uma sensação de perda de identidade, algo que muitos cirurgiões preferem evitar a qualquer custo, permanecendo na prática ativa.
O Papel da Experiência na Sala de Cirurgia
Outro fator que pesa na decisão de não se aposentar é o valor da experiência acumulada. Cirurgiões com décadas de prática trazem um repertório único de conhecimento impressioannte — aquele que não se aprende em livros, mas nas incontáveis horas enfrentando situações imprevisíveis.

O artigo do Medscape menciona que muitos acreditam que abandonar a profissão seria desperdiçar esse conhecimento” conquistado ao longo dos anos. Entretanto, alguns estudos tem sugerido que o avançar da idade e o declínio cognitivo e operacional podem ter um impacto negativo na evolução dos pacientes, como pode ser observado em uma carta publicada no BJS. A agilidade manual e a acuidade visual, tão cruciais na cirurgia, podem declinar com o tempo. No entanto, muitos cirurgiões contornam isso com adaptações, como reduzir a carga horária ou focar em procedimentos menos exigentes fisicamente, mantendo-se úteis e engajados.
Para muitos, a profissão é uma paixão, uma identidade e, em muitos casos, uma missão de vida.
A Conexão Humana e o Equilíbrio Pessoal
Além do aspecto técnico, há um componente humano que ressoa profundamente. A relação com os pacientes, construída ao longo de anos, é um laço difícil de romper. Médicos temem perder o contato com as histórias de vida que cruzam seu caminho — algo que, na cirurgia, muitas vezes se traduz em momentos de transformação. “Eu não saberia o que fazer sem as conversas pré-operatórias ou o alívio no olhar de um paciente após uma cirurgia bem-sucedida,” diz um cirurgião de 70 anos no artigo do Medscape.
Ainda assim, a decisão de continuar não é isenta de desafios. O equilíbrio entre vida pessoal e profissional, já delicado durante os anos de pico da carreira, pode se tornar ainda mais frágil. A pressão para manter o desempenho em um campo tão exigente também levanta questões sobre saúde mental e física. Aqui, a comunidade cirúrgica tem muito a aprender com iniciativas como as do NHS England (Retaining Doctors in Late Stage Career Guidance, 2023), que propõem estratégias para apoiar médicos em fases avançadas da carreira, como horários flexíveis e mentoria.
E Você, o que Pensa sobre essa aposentadoria?
A cirurgia é, sem dúvida, uma das áreas mais intensas e gratificantes da medicina. Mas o que faz um cirurgião decidir entre pendurar o bisturi ou continuar cortando? É a adrenalina da sala de cirurgia? O desejo de transmitir conhecimento às novas gerações? Ou talvez o medo de deixar para trás uma parte essencial de si mesmo? Convidamos você a refletir e compartilhar nos comentários: o que te motiva a seguir em frente na prática cirúrgica? E, se você já considera a aposentadoria, o que imagina para o próximo capítulo?
A verdade é que, para muitos cirurgiões, a aposentadoria não é um fim, mas uma reinvenção. Seja na sala de cirurgia ou fora dela, o legado de quem dedicou a vida a salvar outras vidas nunca se aposenta.
コメント