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Uma causa comum de diarréia...

Atualizado: 28 de mai. de 2020

Autor: Dr Adriano Pflug


Quadro Clínico:


A infecção por Clostridium difficile é causa comum de diarréia em adultos no ambiente hospitalar. O quadro clínico é variável e vai desde portadores assintomáticos, podendo passar por diarréia autolimitada, por colite (acompanhada de febre, leucocitose) e colite pseudomembranosa (dor intensa, maior prostação, tomografia de abdome já com espessamento de parede de cólon), chegando até mesmo a colite fulminante (choque séptico com insuficiência orgânica). Para o diagnóstico, no Brasil, o exame mais disponível é o enzima-imunoensaio de toxina A e/ou B. Por ser pouco sensível, caso o resultado seja negativo, a amostra de fezes deve ser submetida ao teste de amplificação de ácido nucléico, que é o teste mais sensível e especifico, porém caro e pouco disponível.

Tratamento:

O tratamento envolve controle hidroeletrolítico, suspensão de bloqueadores de bomba de prótons, redução ou suspensão de antibióticos de largo espectro, redução de opióides e suspensão de inibidores de trânsito intestinal como loperamida (por aumentarem o risco de megacólon tóxico).


A vancomicina oral (125mg de 6/6h por 10 dias) é o tratamento de escolha inicial tanto para as formas leves como graves. O metronidazol (500mg de 8/8h por 10 dias) é reservado para casos onde não haja disponibilidade de vancomicina oral. Caso a via oral não seja possível, preconiza-se metronidazol endovenoso.

O alto risco de recorrência é definido pela presença de ao menos dois dos seguintes fatores: idade maior que 65 anos, imunossupressão, infecção por cepas hipervirulentas, colite severa ou persistente (maior que cinco dias), antecedente de infecção por C. difficile no último ano, câncer, doença crônica, e uso contínuo de bloqueador de bomba de prótons.

Em pacientes de alto risco de recorrência está indicada a administração de Bezlotoxumab, um anticorpo monoclonal recombinante que bloqueia a ação da toxina B do C. difficile (ainda pouco disponível no Brasil). A melhor opção, para evitar recidiva, é na verdade, o transplante de microbiota fecal. Atualmente, recomenda-se uma dose única de capsula liofilizada pré- produzida. Tal abordagem, entretanto, é pouco empregada no país. A abordagem cirúrgica é reservada para os casos de colite fulminante ou grave sem resposta ao tratamento após 48h. Por apresentar menor mortalidade e boa eficiência, a ileostomia em alça com lavagem de cólon intra operatória e infusão luminal de vancomicina é preferida em vez de colectomia total.


Referências




Sobre o autor:



O Dr Adriano Pflug tem Doutorado pela FMUSP em Ensino Médico além de participar diariamente do desenvolvimento de médicos residentes e estudantes de medicina na Faculdade de Medicina da USP.



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