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Doença Hemorroidária: Manejo Clínico e Cirúrgico Baseado em Evidências

 Introdução


A doença hemorroidária é uma condição prevalente, frequentemente associada a sintomas como dor, prurido, sangramento e prolapsos. Apesar de comum, ainda existem muitos mitos e dogmas em torno do manejo dessa doença, tanto no tratamento clínico quanto no cirúrgico. Este texto reúne as principais discussões sobre o tema, destacando práticas baseadas em evidências e desmistificando abordagens desatualizadas.



Tratamento Clínico de Hemorróidas


O manejo clínico da doença hemorroidária varia conforme os sintomas predominantes do paciente. As orientações gerais incluem:


  1. Pomadas e Supositórios

    As pomadas têm ação anti-inflamatória, analgésica e anestésica, ajudando na redução do edema. Supositórios são preferíveis para doença hemorroidária interna, devido à facilidade de aplicação e eficácia localizada.


  2. Banho de Assento

    O uso de água morna continua sendo uma recomendação sólida. Esse método relaxa a musculatura do esfíncter interno e melhora a circulação, aliviando sintomas dolorosos e reduzindo o edema. A adição de substâncias como permanganato de potássio ou chá de camomila não apresenta vantagens comprovadas.


  3. Venotônicos

    Embora não haja evidência robusta, medicamentos venotônicos podem ser usados para reduzir o tempo de recuperação em casos específicos, como trombose hemorroidária.


  4. Repouso

    É indicado repouso de 24 a 48 horas para aliviar a pressão na região pélvica. A orientação inclui evitar longos períodos em pé ou sentado.


  5. Laxativos Não Irritativos

    Substâncias como polietilenoglicol (PEG) e lactulose são preferíveis para facilitar evacuações sem irritar o cólon, especialmente em pacientes com constipação.


Trombose Hemorroidária


A trombose hemorroidária é uma complicação aguda que causa dor intensa devido à formação de coágulos no tecido prolapsado. O manejo é conservador na maioria dos casos:


  • Trombectomia não é recomendada rotineiramente, pois não acelera a recuperação e pode causar novas tromboses.

  • A cirurgia só é indicada em situações extremas, como necrose de pele ou infecção associada.


Imagem gerada por inteligencia artificial de um medico sentado em seu consultório com um artigo de coloproctologia em suas mãos

Intervenções Cirúrgicas


O tratamento cirúrgico é indicado para pacientes com sintomas graves ou refratários ao manejo clínico. As opções incluem:


  1. Hemorroidectomia Excisional

    • Técnica de Milligan-Morgan: Considerada o padrão-ouro para hemorroidas grau III e IV, trata tanto o componente interno quanto o externo, com menor taxa de recidiva.

    • Técnica de Ferguson: Variante que inclui o fechamento da ferida operatória, oferecendo maior hemostasia, mas com tempo de cicatrização semelhante.


  2. Grampeadores (PPH)

    Procedimentos com grampeadores são úteis para prolapsos hemorroidários internos, mas apresentam complicações raras e graves, como fístulas e abscessos retroperitoneais.


  3. Desarterialização Hemorroidária com Doppler

    Técnica minimamente invasiva que reduz o fluxo sanguíneo para as hemorroidas e corrige o prolapso, com menor dor pós-operatória.


Recomendações Pós-Operatórias


O manejo pós-operatório envolve:


  • Analgesia Adequada: Combinações de dipirona, anti-inflamatórios e opioides leves são usadas para controle da dor.

  • Evacuação Supervisionada: A primeira evacuação deve ser assistida no ambiente hospitalar para evitar fecalomas e minimizar traumas.

  • Banho de Assento: Continua como um complemento essencial para alívio da dor e relaxamento muscular.

  • Antibióticos: Não são recomendados rotineiramente devido à ausência de benefícios comprovados.


Conclusão


A doença hemorroidária exige uma abordagem personalizada, baseada nos sintomas e na gravidade do caso. Embora técnicas modernas estejam disponíveis, muitas intervenções tradicionais, como a hemorroidectomia de Milligan-Morgan, permanecem altamente eficazes. Pesquisas futuras devem explorar novas tecnologias, como o uso de laser, e avaliar o impacto dessas abordagens na qualidade de vida dos pacientes.

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2 comentarios

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Rafael Filipe Dal Ben
há 2 dias
Obtuvo 5 de 5 estrellas.

Como sempre publicação de qualidade e bem elucidativa, parabéns pelos conteúdos.

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Invitado
há 2 dias
Obtuvo 5 de 5 estrellas.

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