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Por Diego Adão, Rachel Riera e Rafael Pacheco
É comum associarmos as melhores práticas cirúrgicas a experiências acumuladas ao longo de anos, mas o que acontece quando o conhecimento tradicional é confrontado pelas evidências? Esse texto explora profundamente como a relação entre a cirurgia geral e as evidências pode transformar práticas e mentalidades.
A importância das evidências para o Cirurgião Geral
Se você está meio sem tempo de ler e prefere "ouvir" sobre o tema, acesse o episóidio 117 do nosso podcast feito junto com os profs. Rachel Riera e Rafael Pacheco, especialistas em metodologia.
A Cirurgia Baseada em Evidências (CBE) não é apenas um conceito, mas uma transformação na maneira de pensar a Medicina. Praticar CBE é ser transparente, imparcial e sistemático ao tomar decisões clínicas. Essas três palavras - transparência, imparcialidade e sistematização - são a base para moldar condutas de maneira mais confiante e embasada.
Contudo, a adoção da CBE encontra resistências. Muitos profissionais ainda são relutantes em revisar suas práticas, principalmente quando as evidências confrontam tradições ou métodos consolidados. Na Medicina, não buscar as melhores evidências é considerado antiético. A CBE não veio para engessar, mas para apoiar e refinar a prática.
As histórias por trás das evidências
Archibald “Archie” L. Cochrane (1909-1988) foi um epidemiologista inglês que, durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto era prisioneiro, realizou experimentos para testar intervenções clínicas. Cochrane percebeu que pacientes com tuberculose em campos de concentração, sem acesso à cirurgia, apresentavam mortalidade menor do que os tratados cirurgicamente nos hospitais da época. Essa observação revolucionou a maneira de encarar as evidências.
Outra história icônica foi o primeiro ensaio clínico randomizado, realizado em 1747 por James Lind (1716-1794), medico escocês, que testou tratamentos para o escorbuto em marinheiros. Com apenas 12 participantes divididos em grupos, ele demonstrou que o consumo de suco de limão prevenia a doença. Estudos como este abriram caminho para os métodos rigorosos que usamos hoje.
A resistência e os desafios na cirurgia
É na cirurgia que os desafios da CBE se tornam mais evidentes. Muitos cirurgiões resistem às evidências com justificativas como: “Sempre fiz assim e nunca tive problemas”. Embora ensaios clínicos em cirurgia enfrentem limitações - como a dificuldade de mascaramento - isso não justifica a falta de rigor em outros aspectos metodológicos. Pode-se escolher desfechos objetivos e controlar outras variáveis para produzir evidências mais confiáveis.
Práticas cirúrgicas muitas vezes se baseiam em plausibilidade biológica e experiência pessoal, em vez de evidências robustas. Essa abordagem dificulta a aceitação de novas práticas, especialmente quando contradizem métodos tradicionais.
Cirurgia Baseada em Evidências na prática
Evidências são trilhas, não trilhos. As evidências guiam nossas decisões, mas não as determinam completamente. Elas precisam ser adaptadas ao contexto, à experiência do profissional e às necessidades do paciente.
A CBE não rouba a autonomia do médico, mas o ajuda a tomar decisões mais racionais e informadas. Até mesmo as limitações das evidências precisam ser consideradas, como ao comparar estudos clínicos com a realidade de um hospital onde certos recursos simplesmente não estavam disponíveis.
Reflexões finais
Muitos dizem que “a Medicina é uma ciência de verdades transitórias”. Porém, há muita imprecisão Nessa frase. A Verdade não é transitória; o que transita são as evidências em torno dela. O papel do médico é buscar a melhor evidência que se aproxime dessa verdade. Essa visão ilustra como a CBE não é apenas uma ferramenta técnica, mas um compromisso ético e intelectual com a evolução da Medicina e da Cirurgia.
Dicas de leitura e novidades
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Prepare-se para explorar as melhores trilhas da cirurgia, guiado pelas evidências mais confiáveis!